14.08.2003

“(...)já não consigo não pensar em você(...)”
Paralamas do Sucesso

De uma amizade curta surgiu um amor inesperado o qual eu não podia conter. Na faculdade, se estávamos juntos, todos olhavam. Quando separados todos olhavam para mim, pois eu não podia conter a ansiedade de não estar ao seu lado. Viramos namorados então, e o Rio se tornou nosso espaço.
Na rua éramos o espelho da satisfação dos idosos que imaginavam em nós sua adolescência apaixonada, que nessa hora lhes parecia ter passado há dois minutos. Nos adolescentes despertávamos a inveja pois éramos felizes e estava estampado em nossas testas. Em casa o inferno começava. O ciúme das mães, a indiferença dos pais e a implicância dos irmãos. Nossos avós incentivavam nosso namoro, mas cedo passamos por fases difíceis, onde eles não podiam nos ajudar. Fiquei grávida após seis meses de namoro. Transamos durante um passeio que fizemos a Paquetá. Só nós dois, e a natureza. Era a minha Segunda vez ainda e na consulta ao ginecologista, a bomba...
O desespero bateu em todos. Até meu pai se manifestou.Pôs-se a construir um berço para a criança. Infelizmente, eu era muito jovem. Perdi o bebê depois de um mês e meio de gestação. Mais um baque em nossas famílias e desta vez o baque maior foi em nossa relação. Ele não mais conseguia se expressar direito e na hora do sexo, ele estava distante. Terminou comigo três meses depois e por três meses mais eu fiquei muito triste.
Na faculdade as pessoas fitavam meu rosto que vivia inchado por causa do choro à noite. Eu não o via mais e não comia mais. E chorava o tempo todo, o que trouxe mais preocupação a minha família. Minha irmã tentava me consolar, mas eu estava inconsolável.
O encontrei na faculdade por acaso, quando resolvi levantar meu rosto, quando andava pelo corredor. Ele me sorriu! Meu coração bateu acelerado. Ele veio falar comigo e de repente me veio uma fome...Ele queria conversar! Chamei-o para comer comigo, como fazíamos antes, e ele aceitou.
Depois de muitas frases soltas - e uma conversa inicial muito insossa – ele me disse que sentia saudades. As pessoas em volta olhavam curiosas, mas eu estava muito mais curiosa. Eu queria saber porque ele havia terminado nosso namoro, se ele gostava de mim ainda, mas resolvi não lhe fazer tais perguntas. Marcamos de sair na sexta-feira seguinte, mas a saudade que ele parecia sentir de nós era mais forte. Durante a semana que se passou recebi bombons em lindas caixas, flores e várias cartas – as quais decidi não responder.
Em casa, o inferno havia recomeçado. O ciúme e a indiferença recomeçavam. Minha irmã estava namorando, tinha suas próprias preocupações, não me ajudaria agora. Nas cartas dele as palavras eram doces e eu sentia que ele ainda me amava. A sexta-feira chegou e eu não fui ao encontro marcado. Eu me sentia insegura e desconfiada. E, mais que isso, eu tinha medo de que o meu amor por ele houvesse se transformado em algo diferente, que meu amor por ele fosse, agora, só lembrança. Eu tinha medo que o nosso amor houvesse ficado no passado.
Ele ligou, assim que chegou em casa, após o bolo que eu havia lhe dado. Não demoramos muito ao telefone. Não me expliquei. Eu queria, antes, entender o que acontecia comigo e explicar-me depois. Se eu não mais gostasse dele eu teria que viver com o bardo de Ter sido idiota por três inteiros meses.
Na semana seguinte nos encontramos na faculdade, mas minha cabeça e coração não haviam ainda achado um entreposto ou uma explicação para o que eu sentia. Ao vê-lo me coração palpitou. Ele estava um ‘caco’! Chamei-o para conversar. Ele me disse que brigara com os pais e finalmente saíra de casa. Eu achei ótimo. Independência. Ele me deu seu endereço e telefone novos. Adorei.
Naquela mesma noite o telefonei. Perguntei se ele precisava de ajuda para arrumar a casa e guardar todas as suas coisas, ele adorou a idéia. Na casa nova só havia sofá, cama, geladeira e muitas caixas com roupas espalhadas e nenhum lugar para guardá-las. Sentamo-nos no sofá e conversamos por toda a noite e ao final dela, nos beijamos já que a muito tempo não nos havíamos beijado. Adorei. Meu coração havia despertado e a mágoa se dissipado. Eu o amava e ele me amava também.
Fizemos amor naquela noite e nosso filho nasceu ontem. Pedro é seu nome. O berço que meu pai fez ficou lindo e coube perfeitamente no apartamento do Flamengo que nós alugamos. Nos casaremos amanhã, mas estamos separados hoje só para dar saudade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

morango selvagem

à coisa mais delicada