19.4.06 - Sexperiências II

Seus cabelos, curtos, se misturaram aos meus, longos, quando nossos corpos se juntaram, logo após o tirar das roupas, tanto era o fervor dos movimentos. Braços, mãos, pernas e lábios se misturavam quase como gotas d'água se misturam. Éramos dois e éramos um e não sabíamos quem era quem ou o que era de quem. O palpitar dos corações se misturava junto com as línguas que não se soltavam. E tudo acontecia quase como magia. O respirar era meu e se seguia pelo dele. Não sabia, eu, se estava nele ou se ele estava em mim. O infinito ranger das cordas vocais e os apelos eram ensurdecedores, porém, silenciosos como a leve brisa do mar. Os tocares eram pesados e macios. Os movimentos eram bruscos, porém compassados e tudo caminhava na mais perfeita ordem. Nossos corpos se revezavam em posições, mesmo sem saber quais partes eram minhas ou suas. Não ouviu-se gritos de prazer ou dor. Não sentiu-se vontade de terminar mesmo tendo chegado ao ápice. Apenas se continuava. Incansávelmente. Com fervor, com ardor, com amor. Não sabia se deveria dizer-lhe que nunca o tinha feito, não sabia dizer se ele já. Não sabia a diferença. Não sabia se se deveria apenas continuar, sabia apenas que não queria parar. Nenhum dos dois parecia querer parar. Mas, com o tempo o cansaso nos tomou pelos braços e nos carregou. Os movimento foram ficando esparsos e o ardor se acabou. Reconheciam-se pernas e braços, seus e meus. Troncos, torsos, dorsos. Todos dois, separados. Movimentos estagnados. Sobrando apenas a vontade de dizer: te amo. Seus cabelos, agora, eram seus. Os meus, apenas meus.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

morango selvagem

à coisa mais delicada