8.5.07



Primeiro você se estressa quando percebe a iminência do fim. Depois você se desespera e tenta, de todos os modos possíveis, fazer com que esta iminência não se concretize, realmente, em um triste fim. E, então, você fica triste porque o fim não pôde ser evitado e chora o quanto lhe é conveniente. Por quanto tempo lhe for necessário. Um dia, então, você pára e pensa em tudo o que foi dito, em todos os motivos e em todas as razões usadas para o fim e pondera. Daí, você tem a certeza de que as coisas poderiam ter acontecido de modo diferente e chora mais um pouco. Em outro dia você pede perdão, pois pára e pensa em seus próprios erros e acha que ainda há uma maneira próspera de reverter os fatos. E, você acaba chorando mais um pouco ao perceber que, definitivamente, acabou. E não tem mais volta. E nada mais faz sentido. Mas, já se passaram três meses, a vida já continuou sem que você tivesse percebido, a fila já andou e você continuou ali, estagnada. E logo você que se via tão forte. E, como se fosse adiantar, você resolve colocar um fim naquela amizade que se continuou. E sofre e chora mais um pouco e uma semana depois decide que aquela amizade vale a pena ser continuada. E vocês voltam a se falar, apesar da distância deixada pelo tempo e pelas mágoas. E você se sente forte de novo, só pela curiosidade de ver onde aquilo vai dar. E você conta tudo sem medo. Admite seus erros, magoa. Como se isso fosse te trazer algo além de uma consciência menos pesada. Depois de dois dias de conversas contínuas, ouvir aquela voz, novamente, ao telefone e falar com ela você acha, ainda que essa foi a decisão mais sábia, mas sente saudades. E pede que apareça. Ou que não suma, mas avisa que poderá sumir se a crise voltar. A lição que você aprende, fundamentalmente, é a de deixar o passado lá atrás. Deixar as fotos e os vídeos salvos, mas ocultos, para que você não os veja. Assim como as lembranças ficam salvas, mas ocultas, para que você não lembre da falta que fazem as coisas que você deixou de ter constantemente.
Por outro lado você cultivou uma amizade mais limpa e mais clara. Uma amizade saudosa de outros tempos que por um tempo serão fingidos não terem existido, mas que aflorarão, certamente, em uma conversa futura regada a álcool.
Uma amizade saudosa de tempos que serão fingidos não terem existido, mas que serão lembrados com carinho, com certeza, por ambos os lados.

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