16.4.06 - Sexperiências I

Agora, suas mãos afagavam minhas costas e a dor de cabeça continuava ainda em mim, indomável. O toque suave não levava a tortura daquela dor embora, mas era ainda o mais sutil possível. Os beijos, as carícias iam e vinham e a dor continuava. Dos beijos e carícias surgira o sexo - o ato. Os dois corpos nus que se enrolavam num ir e vir de mãos, no subir e descer de corpos, no abrir e fechar de bocas, nos apertos, nas mordidas, nas línguas. O tempo não parecia passar e o ato houvera se repetido inúmeras vezes, com a minha cabeça, ainda, a ponto de explodir, durante aquela noite. No último grito abafado de orgasmo viu-se um raio de sol irromper pela fresta da janela vermelha. Nossos corpos se afastaram, nossas mãos se separaram, nossas bocas se soltaram. Meu corpo se remoía pela lembrança da dor mais forte que permanecia e suas mãos voltavam às minhas costas e num movimento contínuo de afago elas subiam e desciam. Nada se ouvia pois nada havia. Um Domingo, a casa estaria abandonada se não fossem os dois corpos na cama. Num ato de desespero levantei-me e dirigi-me à cozinha. Água e remédio. Algo que eu poderia ter feito a qualquer hora da noite. Um corpo nu rodava, agora, a casa. Sem campainhas, sem telefones, mas vi a luz do sol pela janela da sala e pela porta da cozinha e me espantei ao olhar o relógio. De volta ao quarto, com a água em mãos deparei-me com seu corpo estirado, olhos fechados e fitei-a pelo que pareceu uma eternidade e guardei, pra mim apenas, aquela cena. Não era nada demais, mas era lindo. Bebi da água que tinha em mãos e ajeitei meus cabelos antes de deitar-me novamente a seu lado. Decidi não fazê-lo, porém. Parei frente a janela e olhei pelo único ponto de luz que dela surgia. Senti então uma mão subindo pelas minha pernas e ouvi o barulho de seu levantar. Encostou seu corpo em minhas costas e então perguntou-me como eu estava enquanto seus lábios passavam por toda a extensão do meu pescoço e suas mãos acariciavam-me barriga e seios. Respondi que nada mudara, a dor permanecia. Num leve toque, sem voz nem nenhum tipo de sussurro, ela me levou de volta à cama. Deitou-me, ajeitou-me o travesseiro, cobriu-me e deitou-se ao meu lado, mas por cima do que me cobria. Meus olhos fixos em todo gesto, em todo movimento e ela não dizia nada. Beijou-me os lábios e senti que se despedia. Pedi que não fosse, disse que não precisava ir. Ela nada disse. Acariciou-me a cabeça enquanto o sono me chegava e eu, então, dormi. Senti que seu corpo levantara dali, mas não tive forças para pedir que ficasse. Acordei para encontrar a casa vazia, a não ser por mim e um bilhete onde se lia: Ligue assim que acordar. Eu me sentei na cama, me deitei e dormi novamente.

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